O grande papel de mulheres em cargos de liderança

O grande papel de mulheres em cargos de liderança

Empresas que possuem o sexo feminino em postos de chefia têm 21% mais chances de entregar um bom resultado

Não é de hoje que as mulheres veem buscando postos cada vez mais altos quando o assunto é a carreira. E é comprovado que empresas lideradas por mulheres costumam ter um desempenho acima da média.

Conforme mostra o último levantamento da Consultoria MCKinsey, corporações que possuem o sexo feminino em postos de chefia têm 21% mais chances de entregar um bom resultado. Mesmo assim, ainda somos minoria neste quesito.

Outro estudo, desta vez da Grant Thornton, revela que em 2022 mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no Brasil. Claramente, já avançamos bastante, visto que em 2019 essa porcentagem era de apenas 25%.

O questionamento que me fazem sempre, e que eu também faço também, é sobre como mudar esse cenário e encorajar as mulheres a lutarem por espaços maiores no mercado de trabalho.

Muito além de incentivar e inspirar, nós, CEO’s de grandes empresas, temos o dever de abrir portas para gerações futuras, conquistando direitos e espaços para que, qualquer mulher tenha a oportunidade de exercer a profissão e cargo que desejar, não sendo esta escolha dentro das corporações uma opção por gênero, mas, sim, por potencial, conhecimento e performance.

Hoje, nossas maiores lutas são contra o preconceito em diversas vertentes, como maternidade, capacidade e habilidade, jornada dupla de trabalho, estereótipos de gênero. A lista é extensa.

Por isso, dentro do meu papel de empresária, esposa, mãe e CEO de uma empresa em um setor historicamente dominado por homens, tenho junto com nossa liderança me engajado para desenvolver ações que contribuam para que essa mudança aconteça, fortalecendo o principal pilar da Piccadilly, que é o encorajamento feminino, não só dentro da companhia, mas de uma forma que impacta todo o nosso ecossistema.

Mudanças de dentro para fora

Quando ocupamos cadeiras mais altas, temos a oportunidade de realizar iniciativas que beneficiam o sexo feminino, não somente no mercado de trabalho, mas na sociedade como um todo. Na Piccadilly, por exemplo, implantamos há um tempo uma sala de aleitamento materno, permitindo que as colaboradoras possam retirar o leite e armazená-lo de forma adequada para depois amamentarem seus filhos.

Vemos dois impactos importantes aqui: o primeiro é oferecer um ambiente para que essa mulher exerça duas funções, sem precisar escolher entre elas, refletindo em uma colaboradora mais motivada e segura para desenvolver seu trabalho. O segundo é que mostramos para o mercado, seja colaboradores, clientes ou fornecedores, que quanto mais valorizamos a jornada da mulher, mais profissionais diferenciadas e com capacidade para desenvolver várias aptidões estamos formando.

A consequência? Conseguimos colaboradoras muito mais engajadas, confiantes e não perderemos profissionais talentosas que se veem no desafio de fazer uma escolha entre trabalho e maternidade. Isso, sem dúvida, inspirará outras mulheres.  

Além disso, mostramos que a fragilidade, como é vista, na verdade, pode ser combustível para formação de líderes em potencial, forçando o mercado a repensar atitudes e pré-conceitos. E vale dizer que temos diversos exemplos de mulheres que se tornaram mães e após a licença maternidade voltaram ao trabalho ainda mais engajadas para entregarem desempenhos superiores, pois já que vamos abrir mão de estar com nossos filhos, tem que valer muito a pena.

Liderar para pessoas

Hoje, o principal discurso no mercado de trabalho é ‘muito mais que liderar pessoas, é liderar para pessoas’. Isso significa oferecer um ambiente acolhedor, que gere bem-estar e tenha um cuidado genuíno com os seres humanos.

Curiosamente, são as mulheres que melhor exercem essa função, conforme mostra um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, expondo que mulheres têm mais empatia, com relação aos homens, independente de suas influências culturais ou familiares. Então, por que não oferecer melhores oportunidades para quem pode elevar o valor do seu negócio?

E esse olhar tem que ser amplo. É preciso pensar para fora da organização em que atuamos, ir além dos elos e stakeholders da cadeia da empresa, encorajando todo um ecossistema.

Foi com base nesta premissa que desenvolvemos o projeto Encoraja Piccadilly, uma ação que visa beneficiar artesãs de todo o Brasil, através de linhas exclusivas e limitadas de produtos em parceria com essas artistas anônimas, que precisam de voz, visibilidade e encorajamento.

É um impacto que vai muito além das paredes da fábrica, trazendo o olhar para dentro da companhia. Atualmente, contamos com cerca de 60% do nosso quadro de colaboradores formado por mulheres, 50% da alta gestão e 40% dos cargos de liderança em geral.

Inclusive, pelo número de mulheres presente em nosso Conselho de Administração, recebemos o selo WOB da Women on Board, que certifica, reconhece e valoriza organizações com mulheres nos seus conselhos administrativos ou consultivos.

Mas, isso, não quer dizer que não acreditamos na relevância dos homens, muito pelo contrário, nossa crença é pela busca da equidade, da diversidade, da complementariedade e do espaço para que as mulheres sintam-se num ambiente positivo para que vivam o seu melhor.

Estamos, também, desenvolvendo iniciativas junto aos nossos fornecedores com o objetivo de estimular mais espaço para a mulher e, assim, oferecer a oportunidade de extrair todo o seu potencial.

Igualmente, queremos oportunizar para que elas não tenham apenas o desejo de irem em busca dos seus sonhos, mas sejam instrumentalizadas sobre como realizá-los.

Para isso, criamos uma parceria com o Projeto Ela Sonha Ela Faz e, ao longo deste ano, compartilharemos, com as mulheres conectadas de alguma forma com a nossa empresa, histórias inspiradoras e aprendizados para que todas se preparem para vencer neste mercado ainda bastante desafiador.

Meu propósito como líder é poder inspirar e abrir portas para que cada vez mais mulheres ocupem posições maiores dentro do mercado de trabalho, podendo mostrar suas potencialidades, contribuindo de forma saudável para que a diversidade ganhe mais espaço e mostrem seu valor, transformando o ambiente de trabalho e o mundo num lugar melhor.

Cristine Grings Nogueira

CEO da Piccadilly

Agência VitalCom