O Franchising seguido à risca

O Franchising seguido à risca

Dona Alzira iniciou fazendo bolos aos 61 anos em sua casa e, hoje, após sete anos da entrada para o Franchising, tem uma rede com mais de 300 unidades franqueadas

Um executivo do setor de Franquias diz que “franquia é um negócio estruturado, e não de sucesso”. E esta máxima é verdadeira, dado que ter êxito, mesmo no Franchising, depende da total dedicação dos envolvidos na rede.

A estruturação de um negócio de franquia, quando falamos exclusivamente das franqueadoras, é um processo que leva tempo e precisa ser muito bem testado para que os investidores das marcas possam, com o seu trabalho, seguir os passos de sucesso e, também, terem lucros.

Durante a ABF Franchising Expo, nos deparamos com diversas marcas e muitas boas histórias de superação, determinação e resiliência.

Entretanto, uma delas chamou ainda mais a atenção, já que se trata de um contexto em que a necessidade financeira foi o ponto inicial para criar o negócio, independentemente da idade, e a expansão por franquias foi feita de forma bem estruturada para realmente dar certo.

Empreendedora aos 61 anos

Alzira Martins Ramos, 75, é um destes cases inspiradores do Franchising. A trajetória da proprietária e fundadora da Fábrica de Bolo Vó Alzira, começa quando ela tinha 61 anos fazendo bolos em sua casa, pois precisava de dinheiro.

“Naquela época eu passava por uma situação muito difícil. Aos 61 anos era bem complicado arrumar emprego e eu sempre pensava o que poderia fazer. Foi quando um amigo, dono de um botequim ao lado da loja do meu marido, pediu para eu fazer um bolo. Na tarde do mesmo dia que entreguei o bolo ele me procurou solicitando que eu fizesse mais dois para o dia seguinte, já que ele havia vendido o primeiro muito rápido”, relembra.

E mesmo relutante em seguir na produção, ela topou em fazer as unidades adicionais solicitada pelo amigo.

Dias depois, um hotel local também havia feito um pedido. Aceitando o desafio, Alzira passou a produzir cerca de 20 bolos diariamente.

Segundo ela, o cheiro que subia pelo prédio despertava o interesse dos vizinhos que também quiseram seus bolos.

Os bolos ganharam o Rio de Janeiro

Alzira comentou sobre um episódio que ilustra a dimensão que seu trabalho havia ganhado naquele momento.

“Certo dia, o porteiro interfonou e me disse haver um senhor para falar comigo. Não autorizei subir, pois não conhecia, por isso, fui até a portaria falar com ele. O nome dele era Jorge e havia comido meu bolo na casa de uma amiga. Ele é gerente geral da Rico’s Lanches, uma tradicional rede de lanchonetes do Rio, e queria que eu fizesse cerca de 15 bolos diariamente para eles. Eu não tinha estrutura para fazer e entregar. Não tinha equipamentos e meu fogão era de quatro bocas. Mas aceitei o pedido e passei a fazer os bolos para eles. No momento, eu fazia cerca de 30 bolos por dia, de forma totalmente caseira. Eu não esperava que aquele bolinho chegasse nisso tudo”, disse Alzira.

O negócio ganhou outra proporção

O marido de Alzira tinha uma loja onde vendia pipoca, com isso, ela sugeriu a divisão do espaço para poder aumentar a produção dos bolos. E como, após um tempo, o negócio dela ia melhor, decidiram por encerrar as vendas das pipocas e reformar o espaço. “E foi assim que começou a Fábrica de bolos”, relatou a executiva.

Como o empreendimento ia bem e tinha lucro, Alzira resolveu abrir uma nova unidade em outro endereço. “Meu marido ficou com a primeira loja e eu fui gerenciar a segunda, que era pequena, mas, pela necessidade, foi aumentando com o tempo. Cheguei a ter 15 funcionários e fazia cerca de 300 bolos por dia”, afirmou.

Com a alta demanda de pedidos e o exponencial crescimento da empresa, ela chamou o filho para auxiliar na expansão do negócio.

“Um dia eu falei para o meu filho me ajudar, já que as pessoas pediam mais bolos e tínhamos que fazer algo para aproveitar isso, foi quando ele sugeriu de entrarmos para o Franchising”, comentou Alzira.

Franquia e um ingrediente exclusivo

Mas, o processo para franquear a empresa levou, segundo ela, cerca de dois anos e contou com um ingrediente especial, e próprio, desenvolvido pelo seu marido, Claudio.

“Para franquear era preciso ter um produto pronto para que as unidades pudessem replicar o meu trabalho de forma mais simplificada. O Claudio levou cerca de seis meses para desenvolver um mix (uma farinha própria da rede) para a produção dos bolos. Testamos este mix nos produtos por, aproximadamente, dois meses, para termos certeza que daria certo”, revelou.

A executiva contou qual foi o segredo da marca para certificar que o negócio daria certo como franquia.

“Não tivemos pressa. Abrimos a primeira unidade franqueada e operamos por um tempo para ver o que estava dando certo e o que precisaria ser mudado. Somente depois que estávamos com tudo bem alinhado, começamos a vender mais unidades”, salientou Alzira.

Hoje, após sete anos de ter entrado para o Franchising, sua empresa vai mais além da Fábrica de Bolo Vó Alzira, já que eles criaram o Grupo Z+, que também conta com as marcas Vó Alzira Café e Grão Expresso.

O CEO do grupo, e filho de Alzira, Alexandre Martins Ramos, foi o responsável por estruturar o negócio para franquia e um dos responsáveis pelo atual sucesso da rede.

“Quando eu vi que as duas lojas dos meus pais estavam dando certo e havia muita procura de pessoas querendo replicar o negócio, comecei a fazer o plano de franquia”, comentou.

Maior holding de café do Brasil

Contator e administrador, especializado em direito, Alexandre já tinha experiência anterior no Franchising e disse que se aproveitou da oportunidade para expandir a empresa, que atualmente fabrica 600 mil bolos por mês, e possui mais de 300 unidades em 70 cidades brasileiras.

“Durante a pandemia, comecei a estudar alguns negócios e resolvemos criar o Vó Alzira Café, já que o brasileiro é gosta muito de café e ele tem relação direta com os bolos. Construímos nossa segunda fábrica no Rio de Janeiro para produzir itens congelados, como tortas e salgados. Depois adquirimos a Grão Expresso e nosso grupo chegou a mais de 500 lojas. Nossa meta é ser a maior holding de café em até quatro anos”, finaliza Alexandre.

O investimento em uma unidade da Fábrica de Bolo Vó Alzira é a partir de R$ 75 mil, com payback de 20 a 36 meses e faturamento médio mensal de R$ 40 mil.

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Por Rafael Gmeiner
Editor do site Mundo das Franquias


Rafael Gmeiner

Jornalista, especialista em Produção de Conteúdo e Assessoria de Imprensa. Atualmente é CEO da Agência VitalCom e do site Mundo das Franquias. Há 20 atuando com Jornalismo e Comunicação, conta sua experiência com passagens por jornais impressos, televisão, rádio e sites, e acumula sete anos no segmento de Franquias