Menores taxas para franqueados, tecnologias, novos produtos e serviços são a base de algumas redes para uma retomada econômica até o fim do ano
A ABF (Associação Brasileira de Franchising), em pesquisa recente, apontou menor queda no faturamento das redes de franquias e projetou perspectiva positiva para o segmento já no segundo semestre de 2020, conforme matéria publicada no Mundo das Franquias.
Mesmo em ritmo menor em muitas regiões, a pandemia causada pelo novo coronavírus, transmissor da Covid-19, que já dura quatro meses, segue trazendo prejuízo para o caixa das empresas, independente do tamanho. Porém, dados de instituições setorizadas mostram que há uma luz no fim do túnel.
Além do estudo da ABF, em parceria com a AGP, a Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE, em sua edição de maio de 2020, mostrou aumento das vendas no varejo na ordem de 13,9% na comparação com o mês de abril.
E, segundo o especialista em gestão empresarial, Duar Pignaton, este crescimento se deve também por conta das vendas pela internet. “O estudo realizado pela plataforma Nuvemshop mostra que o aumento de atuação das empresas que passaram atender o País, e não mais apenas o local onde estão instaladas, foi um fator marcante. As vendas online cresceram nos 27 estados brasileiros, porém, 17 deles viram suas vendas crescerem acima da média nacional de 137% e 13 deles estão nas regiões Norte e Nordeste”, diz.
Esperança de vendas e empregos
O auxílio emergencial pago pelo Governo Federal, a antecipação do décimo terceiro salário e a retirada do Fundo de Garantia por tempo de serviço para os nascidos em janeiro, fevereiro e março, prevista para os dias 25 de julho, 8 e 22 de agosto, devem aquecer o comércio varejista nas principais cidades do País, que flexibilizaram o isolamento social e retomaram as atividades econômicas seguindo os protocolos de saúde.
A expectativa é que São Paulo, que detém 36% do PIB (Produto Interno Bruto), e o Rio de Janeiro puxem a fila desta retomada econômica. Contudo, a participação dos três estados do Sul do País pode ser o termômetro para a recuperação, já que em 2019, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, aumentaram os estabelecimentos de Beleza e Estética, em 21% e 28%, respectivamente, em relação ao ano retrasado.
Além disso, somente no setor de franquias houve crescimento no número de empregos formais no Brasil. O Paraná, que segundo o Sebrae registrou 91% de empregos formais gerados por pequenos negócios, é o quarto estado em número de unidades de franquias em operação no Brasil, representando uma fatia de 5,8% em todo o território nacional. O desempenho das micro e pequenas empresas paranaenses cresceu 18% no ano passado, em comparação a 2018.
Redes de franquias e a recuperação
Também com base na pesquisa da ABF,os nichos de Saúde, Beleza e Bem-Estar, Serviços e Outros Negócios, e Serviços Educacionais apresentaram, em maio, menos da metade da queda média do setor.
Para reverter o quadro já no segundo semestre, as redes se movimentam para atrair os olhares dos consumidores após uma transformação interna visando atender os consumidores enquanto a pandemia perdurar.
A rede Não+Pelo, multinacional de Beleza e Estética, que está há dez anos investindo e apostando no franchising nacional passou por um processo de reformulação interna para 2020. Antes de apresentar as novidades, ações digitais foram a tônica da restruturação da empresa.
Inicialmente, a marca expandiu o software de gestão “SYS Não+Pelo” para todo o Brasil, depois de um período de teste piloto nas regionais Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, foi formatada a Universidade Não+Pelo, em parceria com a plataforma Benk You, para atualização, modernização e capacitação de franqueados e colaboradores com foco na melhoria do fluxo de vendas. O site também foi todo reformulado permitindo, assim, a compra dos serviços online e mais interação com os clientes e interessados nos serviços da empresa.
Para os franqueados suspendeu as taxas de royalties e de publicidade e eliminou a taxa de franquia para a renovação dos contratos em fase final. Também começou a implementar nas unidades o sistema Sun & Safe, tecnologia patenteada e exclusiva da rede no mundo, na qual está sendo aplicada no Brasil depois do sucesso na Europa. A inovação vai permitir que pessoas com a pele bronzeada possam realizar os procedimentos de depilação sem danos.
Segundo a formadora da Não+Pelo, Audrey Moraes, esta é mais uma ação de mercado com valor agregado que mostra o pioneirismo da empresa no nicho de depilação brasileiro. “Um investimento de dois milhões de euros agora chega ao Brasil como diferencial competitivo, pois somente a gente vai atender com segurança pessoas de cultura de praia e negros com tonalidade bem escura de pele. Isso será possível porque a tecnologia reduz a zero as chances de queimaduras, porque o comprimento de luz consegue atingir menos o cromóforo hemoglobina eliminando o cromóforo água tornando o procedimento mais eficaz e seguro”, comenta.
E por fim, aumentou seu portfólio de serviços com a inserção do Pro-Skin e Limpeza Facial, e possibilitou que os franqueados a coloquem as metodologias cera e Laser Diodo nas unidades. No primeiro semestre, a Não+Pelo teve queda no faturamento de 60%, e para os seis últimos meses do ano a perspectiva é aumentar o caixa em 70%, com todas as novidades inseridas na rede ampliando o portfólio de serviços.
A franquia Espetto Carioca também se movimentou com a isenção de taxas, uso massivo de tecnologias, ações com consumidores e benefícios para os franqueados.
“Realizamos inúmeras ações absolutamente necessárias para a oxigenação do negócio. Inclusive, muitas marcas do mercado de franquias tomaram ações similares. Como, exemplo, a isenção de royalties nos meses de abril, maio e junho para as lojas que se esforçaram em seguir com o Delivery. Também iniciamos o projeto E-Commerce do Espetto Carioca, que será lançado em janeiro de 2021”, conta o sócio proprietário, Bruno Gorodicht.
O delivery, inclusive, fez com que a marca aproveitasse o momento da pandemia para lançar sua própria plataforma, que permitirá intervenções diretas com o consumidor. “Por meio desta ferramenta poderemos assumir ações de relacionamentos únicas para nossa base de clientes, ou seja, o CRM fica conosco. Aproveitamos o momento da pandemia ainda para lançarmos a opção de venda do produto congelado, espetinhos já temperados, para o público final. Com isso, as lojas puderam incrementar a grade de produtos ofertados e ainda entram numa briga positiva com supermercados, porque já damos a opção, por exemplo, para que o cliente possa comprar combos de espetinhos congelados com cerveja. Isso elevou o ticket médio e gerou um aumento de cerca de 15% da venda de delivery das lojas”, revela Bruno.
“Um estudo feito pela Corebiz, empresa de inteligência para marcas do varejo, mostrou que a receita das compras por delivery no segmento alimentício cresceu mais de 30% durante a pandemia. Um ponto importante a se destacar é que não são só restaurantes, mas supermercados, empreendedores individuais, distribuidoras de bebida, doces e muitos outras empresas também estão se reinventando nesse momento”, comenta Pignaton.
Pensando na sua rede, a Espetto Carioca promoveu diversos facilitadores para seus parceiros em reuniões de comitê de crise com frentes específicas, como negociações com shoppings. Além de realizar encontros semanais com os franqueados sob os temas de desenvolvimento e interesse comum, como gestão financeira na crise, gestão de pessoal e controle de estoque na crise.
“Seguramos nosso time interno para que pudéssemos preparar a empresa para a retomada ainda mais forte em um esforço financeiro grande, pois passamos meses sem receita. Nosso DNA é construção, estamos cientes da dificuldade que enfrentaremos adiante, pois a retomada é mais difícil, mas estamos seguros e preparados para o que está por vir e principalmente para todas as oportunidades que teremos”, complementa Gorodicht.
Segundo Duar, estas ações são fundamentais para a manutenção dos negócios. “A busca pela redução de custos e otimização da gestão dos negócios também fica cada dia mais importante, visto que no mundo digital, a competição é muito maior. Uma boa saída é procurar referências no seu mercado e inspiração para seguir os melhores na busca por diferenciais e inovação. O estudo da ABF identificou que o setor reagiu rápido aos reflexos da pandemia. Os dados mostram que mais de 70% das franquias do País adotaram ações diversas com foco neste momento de isolamento social, entre as quais estão serviços online, orientações e treinamentos sobre Covid-19, delivery, e-commerce e promoções”, finaliza o especialista.
Por Rafael Gmeiner
Editor do site Mundo das Franquias