Por conta da pandemia do Coronavírus, muitas pessoas terão que trabalhar em casa, contudo, até mesmo para quem já faz isso cotidianamente, manter o foco é difícil e requer muita responsabilidade
Infelizmente, por causa de um grave problema com a nova doença que assola o mundo, as pessoas precisam permanecer em casa, por questão de segurança na saúde, para o bem de todos. Com isso, milhões de profissionais por todo o planeta seguirão com sua rotina de trabalho, porém, em casa.
Trabalhar home office não é fácil, como muitos pensam, e nem sempre é um mar de rosas. A disciplina é a principal ferramenta dos trabalhadores e empreendedores home based. Acordar cedo, se arrumar para trabalhar, ter horário para cumprir com as obrigações profissionais e horário de almoço, são elemento fundamentais para esta modalidade de negócios.
Uma pesquisa do site de busca de empregos americanos FlexJobs mostrou que cerca de 3% dos profissionais norte-americanos trabalham, na maior parte das vezes, de forma remota, número que aumenta para 43% se contabilizar aqueles que fazem este processo uma ou das vezes por semana. Já o site de empregos Indeed, apontou que 16% dos trabalhadores remotos nos Estados Unidos são profissionais assalariados, adicionados à economia entre 2010 e 2017. Ainda, pelo estudo, indicou que o termo mais buscado em 2017 foi “trabalho remoto / em casa”.
Os Estados Unidos servem como referência, não somente por sua economia, mas também pelas diversas formas de trabalho que surgem como alternativa para lucro, flexibilidade de horários e, também, melhor qualidade de vida. E foi, em especial, de lá que a Assistência Remota chegou ao Brasil, em 2015 pelas mãos de Camile Just, CEO da Just Virtual Real, startup que forma e conecta assistentes virtuais com empreendedores visando facilitar diversas tarefas que tomam tempo e precisam de conhecimento específico.
Camile, à época gerente de uma loja de shopping, buscava uma nova forma de trabalho que permitisse mais liberdade com o tempo e que gerasse uma renda positiva. E em sua pesquisa encontrou esta profissão e fez dela seu viés empreendedor. Ela criou sua empresa e, quatro anos depois, abriu seu negócio para ensinar, por meio de um curso on line, mulheres que buscavam trabalho, mas que ainda precisavam de amis conhecimento e experiência.
“Diversos fatores podem levar uma mulher a não trabalhar, como gravidez, idade e até mesmo relações abusivas. Com isso abrir a oportunidade delas empreenderem, trabalhando de casa facilita muita coisa e gera renda para um grupo que, muitas vezes, não tem oportunidades”, comenta Camile.
Hoje, 100% das assistentes remotas que se formaram com a CEO e que estão conectadas com sua empresa na busca de novos clientes, trabalham a partir de casa. E, em tempo de crise com o coronavírus, esta possibilidade ganha ainda mais força. “Todos nós nos preocupamos com esta pandemia, mas também temos nossas contas para pagar. A vida segue e temos que fazer algo. A impossibilidade de as pessoas saírem de casa faz muitas delas se preocuparem com seu futuro profissional. A empresas seguem com suas obrigações e ter alguém que cumpra com as funções necessárias com a qualificação necessária ajuda muito a fazer com que muitas empresas não tenham prejuízo”, afirma a empresária.
O know-how de Camile na gestão de pessoas e com o trabalho home office fez com que ela desenvolvesse uma cartilha para quem quer, ou vai obrigatoriamente, trabalhar em casa. “É preciso ter muita disciplina e saber gerenciar diversos outros detalhes para que sejamos produtivos. E nestes anos fui aprendendo e observando muita coisa que faz grande diferença quando no dia a dia do trabalhador caseiro”, observa.
Camile Just indica que é importante que o profissional tenha um espaço reservado, que mantenha o diálogo com as pessoas ao redor, além de outras distrações menores, mas que atrapalham na manutenção do foco. “As pessoas precisam encontrar um cantinho para montar seu escritório, com pouca circulação das pessoas da casa e sem distrações como televisão. Mas se precisar utilizar um espaço compartilhado com a rotina familiar é primordial ter uma caixa ou pasta para armazenar o material de trabalho. Conversar e fazer combinados com as pessoas da família, principalmente as crianças, é essencial. As interações pessoais, quando estamos em casa, são tentadoras, por isso o celular pessoal deve estar com as notificações desativadas e no silencioso”.
Outra questão que a empreendedora citou é sobre reuniões on line, muito utilizadas por quem trabalha em casa. “Antes de entrar em reunião, confira se o áudio e microfone estão funcionando e se houver ruídos no local, use fone de ouvido. O microfone deve estar sempre fechado e somente abrir quando for falar. Avise as pessoas da casa que estará em reunião para que não seja interrompido. Uma sugestão, para caso tenha crianças, é criar uma plaquinha com símbolos que mostrem que naquele momento você não pode interagir. E, principalmente, tenha clareza dos combinados com os superiores e com os colegas de trabalho”, recomenda Camile.
Já para a empresas e para os líderes, a CEO da Just Virtual, sugere o uso de aplicativos voltados para produtividade e acompanhamento. “É preciso que as empresas utilizem ferramentas adequadas para a comunicação de trabalho com a equipe, e o whatsapp não é uma delas, porque nele as informações se perdem e os assuntos se misturam. O app slack é uma ótima opção. Dividir as equipes conforme o que cada um pode entregar. O controle excessivo e a desconfiança sobre a execução do trabalho é negativo. É preciso focar no que cada equipe entrega. Lembre-se que para muitos, trabalhar em casa, é uma novidade. Faça check-ins com as equipes que podem ser feitos por vídeo conferência, que não devem passar de meia hora, ou até mesmo por meio de uma planilha. Criar um momento de descontração, para falar do dia a dia, trocas memes, entre outros deixará o momento mais leve, afinal a rotina será diferente, talvez com as crianças em casa ou tendo cuidados especiais com pessoas dos grupos de risco. Por fim, pense nesse momento como uma oportunidade de ouro para desenvolver a objetividade e a produtividade da sua equipe”, finaliza Camile.
Por Rafael Gmeiner