Mesmo o franchising sentindo o impacto da pandemia, os segmentos de Casa e Construção; e Saúde, Beleza e Bem-Estar apresentaram crescimento
No último 4, a ABF (Associação Brasileira de Franchising) apresentou o balanço consolidado do setor de franquias no ano de 2020, em uma live realizada no Youtube, devido à crise sanitária por qual passamos.
Segundo os dados, o franchising manteve sua curva de recuperação no 4º trimestre de 2020, se aproximando dos níveis pré-Covid-19. O setor registrou uma receita apenas 1,8% menor no período, R$53,976 bilhões, se comparado ao 4º trimestre de 2019, que foi de R$54,966 bilhões.
As políticas de isolamento social, principalmente o fechamento dos shoppings, a queda dos índices de confiança do consumidor e do empresariado ao longo do ano e a mudança de hábitos do consumidor refletiram negativamente no setor.
Contudo, a digitalização de processos e serviços, o auxílio emergencial e o aquecimento da construção civil foram movimentos importantes para dinamizar o setor, mas não suficientes para uma mitigação maior dos impactos.
“O ano de 2020 foi de fato um dos mais desafiadores para todos os setores da economia brasileira, e com o setor de franquias não foi diferente. Analisando o comportamento do franchising ao longo do ano, com os estudos trimestrais e, adicionalmente, as consultas mensais feitas pela ABF, graças à participação de seus associados, vejo que o resultado poderia ter sido pior, mas as virtudes da área amenizaram a queda. Nós temos a força do trabalho em rede, uma alta capacidade de negociar com fornecedores e promover ganhos em escala, por exemplo. Porém, é com muito esforço que o ecossistema do franchising está atuando para amenizar as perdas e os impactos nos negócios”, afirma o presidente da ABF, André Friedheim.
Quanto ao movimento de abertura e fechamento de unidades, o levantamento indicou que o índice de unidades abertas em 2020 foi de 6,6% frente a 9,2% no ano anterior. As fechadas chegaram a 9,2% ante 4,9% neste mesmo período, resultando num saldo de -2,6%, totalizando 156.768 operações em 2020 contra 160.958 me 2019.
“A queda foi só de 2,6% no número de unidades. Quando olhamos para um país que está com 4,1% de queda no PIB, quando você anda pelas ruas da cidade de São Paulo e vê placas e mais placas de aluga-se e passa-se o ponto, quantos negócios não franquias que fecharam as portas, nós temos que enfatizar que só fecharam 2,6% das franquias no Brasil. É pouquíssimo perto deste desastre. É um momento sem paralelos. Seria de se esperar uma queda muito maior”, comentou o presidente do Grupo Cherto e especialista em franquia, Marcelo Cherto.
Para o presidente da ABF, o repasse de franquias foi muito positivo para o setor. “De fato, alguns empreendedores não conseguiram atravessar um período tão longo de adversidade, mas notamos um imenso esforço das redes para manter suas operações, negociando ou suspendendo taxas e ajudando os franqueados a buscarem alternativas de redução de custos e faturamento. Em outros casos, o negócio foi repassado a um empresário mais capitalizado, uma opção muito importante para a perpetuação de negócios e empregos. Um acesso a crédito mais facilitado e a melhoria geral do ambiente de negócios nos ajudaria a manter ainda mais unidades e, portanto, a geração de empregos, renda e impostos”, afirma André.
Média de unidades por rede sobe
Uma das tendências do setor de franquias brasileiro é o aumento do número médio de unidades por marca, o que demonstra maior maturidade das redes. De acordo com o estudo da ABF, a exemplo do que ocorreu em 2019, essa média teve uma alta de 6,5% indo de 55,2 para 58,8 operações, em média, por marca no período pesquisado. Dados que corrobora uma tendência: o crescimento da participação de multifranqueados, seja multiunidades (donos de franquias de uma mesma marca), seja multimarcas (proprietários de operações de diferentes redes).
Em relação ao número de redes, o balanço de 2020 indica que houve uma redução de 8,6%, cujo total passou de 2.918 para 2.668 marcas no período analisado. “Embora algumas redes de menor porte tenham cessado suas atividades, essa diminuição se deve mais a marcas pequenas que deixaram de franquear ou empresas que planejavam se lançar no setor, mas postergaram seus planos. É importante ressaltar também que tivemos alguns movimentos de fusões e aquisições e que novas marcas continuam a chegar, mostrando a atratividade do mercado nacional”, explica o presidente da ABF.
Empregos
O ecossistema de franquias é tradicionalmente um grande gerador de empregos. Contudo, ainda como reflexo da pandemia e acompanhando o movimento dos demais setores econômicos, o franchising também retraiu as contratações. Segundo a pesquisa, o número de empregos diretos passou de 1.358.139 para 1.258.884 no período analisado. “Vínhamos numa trajetória ascendente de contratações, inclusive em virtude da reforma trabalhista, porém, a pandemia da Covid-19 fez com que as redes diminuíssem esse ritmo. Isso mostra a urgência de retomarmos as reformas, principalmente a tributária, e outras medidas de desburocratização do ambiente de negócios”, observa Friedheim.
Segmentos
Dentre os onze segmentos elencados pela ABF, Casa e Construção, com uma variação positiva de 25,6% no 4º trimestre do ano passado frente a igual período de 2019, e de 12,8% em 2020 foi o principal destaque. A permanência das famílias em casa para manter o distanciamento social levou à realização de pequenos reparos, reformas e à maior valorização das residências. Outros fatores, tais como a manutenção dos juros básicos da economia em níveis baixos, o aumento do número de trabalhadores em home office e o enquadramento das atividades do setor de construção civil como essenciais, também contribuíram para o bom desempenho desse segmento.
Saúde, Beleza e Bem-Estar também registrou desempenho positivo, de 5,4% no 4º tri e de 3,1% no ano. O segmento foi beneficiado pelo fato de haver uma demanda ainda reprimida, pela decisão de parte dos pacientes em aproveitar a quarentena para realizar procedimentos mais invasivos, a acentuação do desejo de bem-estar mesmo em um contexto tão delicado e o redirecionamento de recursos que seriam utilizados para outros fins, como viagens e outras atividades sociais restritas nesse período.
Já Alimentação, o maior segmento do franchising, diminuiu de forma sensível as perdas no 4º tri, tendo registrado uma queda de 5%. “Neste período, tivemos um afrouxamento das políticas de isolamento social, fora o movimento naturalmente mais intenso do fim do ano. Além disso, o crescimento do delivery e o bom desempenho dos supermercados e das lojas de conveniência ajudaram a reduzir o impacto, porém o resultado do ano ainda ficou em -15,5%”, afirma André.
E ele ainda complementou dizendo que “o franchising brasileiro segue se reinventando, trazendo soluções inovadoras para atender as novas demandas do consumidor diante da pandemia, com um grande avanço do processo de digitalização das redes e pronto para sair mais forte desse período”.
Projeções
O cenário para 2021 ainda é bastante desafiador, porém, fatores como o avanço do processo de vacinação da população, como também da agenda das reformas em discussão no Congresso Nacional, especialmente a tributária e a administrativa, a implantação das medidas de ajuste fiscal e o estímulo e a facilitação do acesso ao crédito para as micro e pequenas empresas, oferecem uma perspectiva mais positiva para este ano. Nesse sentido, a ABF projeta um faturamento 8% maior, 5% mais unidades, 2% em novas redes e uma alta de 5% no número de empregos diretos gerados pelo setor em 2021. Na pesquisa trimestral do setor, a ABF perguntou às redes de franquia quais são suas expectativas individuais para 2021, o que mostrou que para 64% dos respondentes, o crescimento será superior a 10% e que para 19% será entre 5% a 10%. “Permanecendo as bases para a retomada segura das atividades econômicas a partir deste ano, acreditamos que o setor de franquias levará cerca de dois e meio para retomar os patamares pré-Covid-19”, conclui Friedheim.
Fonte: assessoria de imprensa
Por Rafael Gmeiner
Editor do site Mundo das Franquias